Montagem
Através do corte as filmagens são fragmentar em planos que são reordenados na edição para criar maior impacto dramático e estético. A justaposição dos planos filmados em locais diferentes, podem unidos, significar algo maior do que cada plano isolado. A sequência de planos que formam cada cena define o ritmo do filme como um todo e de cada cena em particular.
Através dos raccords, dos cortes e dos falsos racoords, a montagem é a determinação do Todo (o terceiro nível bergsoniano). Eisenstein não se cansa de lembrar que a montagem é o todo do filme, a ideia. A montagem é a composição, o agenciamento das imagens-movimento de forma a constituir uma imagem indireta do tempo. (DELEUZE)
Edwin S. Porter em 1903 começou a utilizar uma continuidade visual que tornava seus filmes mais dinâmicos. Porter, impressionado com a qualidade do trabalho de Meliès, descobriu a possibilidade de dar mais dinamismo em seus filmes com a organização dos planos. Como comenta Karel Reisz, “Porter revelou que um simples plano, registrando uma parte incompleta da ação, é a unidade a partir da qual os filmes devem ser construídos e assim estabeleceu o principio fundamental da montagem”.
D. W. Griffith é conhecido como o pai da montagem cinematográfica no sentido moderno. Sua influência em Hollywood e no filme revolucionário russo foi imediata. A variação de planos para criar impacto, incluindo o grande plano geral, o close-up, inserts e o travelling, a montagem paralela e as variações de ritmo. Todos esses procedimentos são atribuídos a Griffith.
O processo de montagem se inicia com o corte de ordenamento, isto é, quando o montador desmonta o copião e lhe da um primeiro desenho dramático, procurando não só ordenar pela ordem das claquetes que nueram a posição de cada plano na sequencia narrativa, mas também buscando as aproximações necessárias das ações filmadas em seus vários recortes: geral, médio primeiro, detalhe, etc;(EDUARDO LEONE)
Na teoria de Eisenstein, a montagem é composta por cinco tipos: métrica, rítmica, tonal, atonal e intelectual. A montagem métrica refere-se à duração de cada um dos planos independente de seu conteúdo. A montagem rítimica relaciona-se à continuidade visual entre os planos, a continuidade baseada na ação. Na montagem tonal, as decisões da montagem buscam estabelecer uma característica emocional da cena. O tom ou o modo é usado como guia para interpretar a montagem tonal, não difere da definição de Ingmar Bergman de que montar é como fazer uma música, compor a emoção de diferentes cenas. Já na montagem atonal, se conjuga as montagens métrica, rítmica e tonal, manipulando o tempo do plano, idéias e emoções a fim de conquistar o efeito desejado na plateia. A montagem intelectual trata da inserção de ideias em uma sequência de grande carga emocional.
Cinema de Vanguarda é um cinema concebido entre os anos 20 e 30 na França, quando os artistas das correntes de vanguarda (surrealismo, dadaísmo, impressionismo, cubismo) resolveram experimentar a linguagem cinematográfica. Resultou-se dessa experimentação o cinema como Arte. A partir da criação de cine-clubes, o cineasta pioneiro vanguartista Louis Delluc mobilizou artistas de renome como Marcel Duchamp (Dadaísmo), Luis Buñuel, Salvador Dali(surrealismo), Abel Gance, Jean Epstein, e Dimitri Kirsanov. A estética do movimento vanguardista privilegiava o ritmo e o movimento. O objetivo dos cineastas era chocar a burguesia e causar impacto com sensações a partir de fenômenos visuais nos filmes nada comerciais. Explorou a iluminação e novos ângulos da câmera. O movimento foi se dissipando pela perseguição dos regimes totalitários que assumiram o poder por volta de 1930. A arte vanguardista era considerada degenerada e muitos cineastas acabaram migrando para os Estados Unidos e dando força à Hollywood. Outros passaram para a clandestinidade e alguns optaram por produzir filmes comerciais. (SILVA)
O filme Amargo da Língua possui uma montagem experimental que busca misturar diferentes tipos: atonal, linear, invertida, paralela, ideológica, dialética, rítmica, dadaísta, etc. De forma geral a montagem narrativa expõe de forma sequencial os fatos e ações, geralmente de maneira linear durante a maior parte do filme. A ordem cronológica dos fatos não é alterada. A montagem paralela que expões simultaneamente fatos distintos é usada na última cena para gerar mais dramaticidade quando Fábio acorda acorrentado sem poder atender o celular. Dandara liga insistente e impacientemente enquanto ele se esforça em vão para atender. Já a montagem rítmica é usada quando as personagens dançam ou cantam, como no caso de Shabana Dark, Salomé na cana do PUB e Dandara que samba na quinta cena.
A montagem é dinâmica e a sequência de planos passa em velocidade semelhante a dos vídeo-clipes, na intenção de hipnotizar o espectador buscando prender a atenção a todo momento. A câmera na mão seguindo influências do Dogma 95, enfatiza o realismo naturalista das cenas. A câmera simula um observador presente, testemunha ocular muda e invisível, que narra a estória através de uma perspectiva voyerista. Para enfatizar o clima de suspense e comédia, a trilha sonora oscila entre tensão e descontração, mixando assim uma sonoplastia que tanto mantem a continuidade como auxilia na alternância do clima, que em uma mesma sequência, passa de comédia para suspense e vice versa, criando um novo ritmo híbrido destes dois gêneros.
O diretor do filme tem, por outro lado, o material já terminado, impresso em película. O material, que comporá seu produto final, não apresenta homens vivos ou paisagens reais, mas apenas suas imagens, filmadas em tiras separadas que podem ser encurtadas, alteradas e reunidas de acordo com sua vontade. Os elementos da realidade estão fixados nesses pedaços; combinando-os na sequencia selecionada, encurtando-os ou aumentando-os, de acordo com seu desejo, o diretor cria seu próprio tempo e espaço “fílmico”. Ele não adapta a realidade, mas a utiliza para criar uma nova realidade, e o mais importante e característico aspecto do processo é que nele as leis do espaço e do tempo invariável e inescapável da realidade se transformam em algo manipulável e obediente. O filme cria uma nova realidade própria a ele mesmo” (PUDOVKIN)
A montagem por criar contiguidade narrativa entre os planos,é uma modalidade fundamental para a linguagem cinematográfica. Ela estabelece uma interdependência de todas as ações. O corte é o fator que trabalhará o material fotográfico e sonoro moldando relações, associações sincrônicas ou diacrônicas que integrará a narrativa segundo concatenações lógicas, ritmo e dinamismo.
Na montagem também é possível alterar a coloração, luminância, contraste, brilho, saturação e vários outros atributos da imagem. Com os atuais programas de edição, como no caso o adobe première, é possível realizar de forma digital e computadorizada os mesmos efeitos especiais que os montadores realizavam com a película nos copiões. As sobreposição de imagens, efeito de câmera lenta ou acelerada, parada para substituição, efeito muito utilizado por Meliès no primeiro cinema, assim como a coloração dos frames, rotoscopia e várias outras técnicas e efeitos que foram usados tanto no primeiro cinema, como nas vanguardas experimentalistas dos anos 20.
Através dos raccords, dos cortes e dos falsos racoords, a montagem é a determinação do Todo (o terceiro nível bergsoniano). Eisenstein não se cansa de lembrar que a montagem é o todo do filme, a ideia. A montagem é a composição, o agenciamento das imagens-movimento de forma a constituir uma imagem indireta do tempo. (DELEUZE)
Edwin S. Porter em 1903 começou a utilizar uma continuidade visual que tornava seus filmes mais dinâmicos. Porter, impressionado com a qualidade do trabalho de Meliès, descobriu a possibilidade de dar mais dinamismo em seus filmes com a organização dos planos. Como comenta Karel Reisz, “Porter revelou que um simples plano, registrando uma parte incompleta da ação, é a unidade a partir da qual os filmes devem ser construídos e assim estabeleceu o principio fundamental da montagem”.
D. W. Griffith é conhecido como o pai da montagem cinematográfica no sentido moderno. Sua influência em Hollywood e no filme revolucionário russo foi imediata. A variação de planos para criar impacto, incluindo o grande plano geral, o close-up, inserts e o travelling, a montagem paralela e as variações de ritmo. Todos esses procedimentos são atribuídos a Griffith.
O processo de montagem se inicia com o corte de ordenamento, isto é, quando o montador desmonta o copião e lhe da um primeiro desenho dramático, procurando não só ordenar pela ordem das claquetes que nueram a posição de cada plano na sequencia narrativa, mas também buscando as aproximações necessárias das ações filmadas em seus vários recortes: geral, médio primeiro, detalhe, etc;(EDUARDO LEONE)
Na teoria de Eisenstein, a montagem é composta por cinco tipos: métrica, rítmica, tonal, atonal e intelectual. A montagem métrica refere-se à duração de cada um dos planos independente de seu conteúdo. A montagem rítimica relaciona-se à continuidade visual entre os planos, a continuidade baseada na ação. Na montagem tonal, as decisões da montagem buscam estabelecer uma característica emocional da cena. O tom ou o modo é usado como guia para interpretar a montagem tonal, não difere da definição de Ingmar Bergman de que montar é como fazer uma música, compor a emoção de diferentes cenas. Já na montagem atonal, se conjuga as montagens métrica, rítmica e tonal, manipulando o tempo do plano, idéias e emoções a fim de conquistar o efeito desejado na plateia. A montagem intelectual trata da inserção de ideias em uma sequência de grande carga emocional.
Cinema de Vanguarda é um cinema concebido entre os anos 20 e 30 na França, quando os artistas das correntes de vanguarda (surrealismo, dadaísmo, impressionismo, cubismo) resolveram experimentar a linguagem cinematográfica. Resultou-se dessa experimentação o cinema como Arte. A partir da criação de cine-clubes, o cineasta pioneiro vanguartista Louis Delluc mobilizou artistas de renome como Marcel Duchamp (Dadaísmo), Luis Buñuel, Salvador Dali(surrealismo), Abel Gance, Jean Epstein, e Dimitri Kirsanov. A estética do movimento vanguardista privilegiava o ritmo e o movimento. O objetivo dos cineastas era chocar a burguesia e causar impacto com sensações a partir de fenômenos visuais nos filmes nada comerciais. Explorou a iluminação e novos ângulos da câmera. O movimento foi se dissipando pela perseguição dos regimes totalitários que assumiram o poder por volta de 1930. A arte vanguardista era considerada degenerada e muitos cineastas acabaram migrando para os Estados Unidos e dando força à Hollywood. Outros passaram para a clandestinidade e alguns optaram por produzir filmes comerciais. (SILVA)
O filme Amargo da Língua possui uma montagem experimental que busca misturar diferentes tipos: atonal, linear, invertida, paralela, ideológica, dialética, rítmica, dadaísta, etc. De forma geral a montagem narrativa expõe de forma sequencial os fatos e ações, geralmente de maneira linear durante a maior parte do filme. A ordem cronológica dos fatos não é alterada. A montagem paralela que expões simultaneamente fatos distintos é usada na última cena para gerar mais dramaticidade quando Fábio acorda acorrentado sem poder atender o celular. Dandara liga insistente e impacientemente enquanto ele se esforça em vão para atender. Já a montagem rítmica é usada quando as personagens dançam ou cantam, como no caso de Shabana Dark, Salomé na cana do PUB e Dandara que samba na quinta cena.
A montagem é dinâmica e a sequência de planos passa em velocidade semelhante a dos vídeo-clipes, na intenção de hipnotizar o espectador buscando prender a atenção a todo momento. A câmera na mão seguindo influências do Dogma 95, enfatiza o realismo naturalista das cenas. A câmera simula um observador presente, testemunha ocular muda e invisível, que narra a estória através de uma perspectiva voyerista. Para enfatizar o clima de suspense e comédia, a trilha sonora oscila entre tensão e descontração, mixando assim uma sonoplastia que tanto mantem a continuidade como auxilia na alternância do clima, que em uma mesma sequência, passa de comédia para suspense e vice versa, criando um novo ritmo híbrido destes dois gêneros.
O diretor do filme tem, por outro lado, o material já terminado, impresso em película. O material, que comporá seu produto final, não apresenta homens vivos ou paisagens reais, mas apenas suas imagens, filmadas em tiras separadas que podem ser encurtadas, alteradas e reunidas de acordo com sua vontade. Os elementos da realidade estão fixados nesses pedaços; combinando-os na sequencia selecionada, encurtando-os ou aumentando-os, de acordo com seu desejo, o diretor cria seu próprio tempo e espaço “fílmico”. Ele não adapta a realidade, mas a utiliza para criar uma nova realidade, e o mais importante e característico aspecto do processo é que nele as leis do espaço e do tempo invariável e inescapável da realidade se transformam em algo manipulável e obediente. O filme cria uma nova realidade própria a ele mesmo” (PUDOVKIN)
A montagem por criar contiguidade narrativa entre os planos,é uma modalidade fundamental para a linguagem cinematográfica. Ela estabelece uma interdependência de todas as ações. O corte é o fator que trabalhará o material fotográfico e sonoro moldando relações, associações sincrônicas ou diacrônicas que integrará a narrativa segundo concatenações lógicas, ritmo e dinamismo.
Na montagem também é possível alterar a coloração, luminância, contraste, brilho, saturação e vários outros atributos da imagem. Com os atuais programas de edição, como no caso o adobe première, é possível realizar de forma digital e computadorizada os mesmos efeitos especiais que os montadores realizavam com a película nos copiões. As sobreposição de imagens, efeito de câmera lenta ou acelerada, parada para substituição, efeito muito utilizado por Meliès no primeiro cinema, assim como a coloração dos frames, rotoscopia e várias outras técnicas e efeitos que foram usados tanto no primeiro cinema, como nas vanguardas experimentalistas dos anos 20.